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Campos de Experiências – Quando as propostas vão muito além de uma folha de atividade

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que veio para nortear os sistemas de ensino de todo o território nacional por meio da definição de parâmetros comuns e do estabelecimento de conhecimentos, competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo da escolaridade básica, voltadas para a formação humana integral.

Para a Educação Infantil, a BNCC apresenta a organização curricular por meio dos Campos de Experiências, em uma proposta de um novo arranjo para as diferentes áreas do conhecimento.

A BNCC também discute a ideia de que a Educação Infantil está a serviço da preparação da criança para o Ensino Fundamental. Sem dúvida, uma Educação Infantil enriquecedora e de qualidade dá ferramentas para a criança enfrentar os desafios que virão, porém é preciso olhar para a especificidade dessa etapa de ensino e as demandas próprias da infância. Avanços nas pesquisas da neurociência, da psicologia e da pedagogia apontam para o valor das vivências na aprendizagem. Sob essa perspectiva, a BNCC incorpora o conceito dos Campos de Experiências a fim de valorizar as demandas da primeira infância.Os Campos de Experiências, como o nome indica, embasam-se na ideia de que a aprendizagem na Educação Infantil se dá por meio da experiência. Por isso, os campos têm como eixos estruturantes as brincadeiras e interações. Eles são núcleos integradores, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, que orientam a prática pedagógica e a construção de um currículo vivo, de forma a assegurar às crianças os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se.

Considerando todos esses saberes, foram estabelecidos cinco Campos de Experiências, organizados da seguinte maneira:

– O eu, o outro e o nós;
– Corpo, gestos e movimentos;
– Traços, sons, cores e formas;
– Escuta, fala, pensamento e imaginação;

– Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

A concepção de criança como protagonista, que levanta hipóteses, constrói e se apropria de conhecimentos, foi reafirmada por meio desse novo arranjo curricular. Os Campos de Experiências sugerem uma postura de planejamento que contemple contextos diversos, não cabendo reduzir as experiências escolares dessa etapa a algumas folhas de atividades, muitas vezes, padronizadas e sem conexão com os interesses e pesquisas das crianças.

Nesse novo modelo, não se desqualifica a importância do registro, mas se convida a uma nova forma de registrar as descobertas dentro de contextos significativos e por meio de múltiplas ferramentas.

Se antes a infância era concebida como um período de falta, que antecede a vida adulta, quando o esperado era a reprodução de modelos por parte das crianças, hoje se reconhece a importância dessa fase e todas as suas contribuições para o desenvolvimento dos indivíduos.

A Educação Infantil contemporânea está voltada à formação de sujeitos reflexivos, inovadores, capazes de criar soluções para os desafios atuais e, para que esse objetivo possa ser alcançado, se faz necessária uma nova forma de organizar os saberes e realizar as propostas.

No imaginário do adulto que viveu uma outra experiência escolar, ainda pode prevalecer a ideia de que quanto mais folhinhas, melhor a escola”. Essa visão está atrelada ao conceito quantitativo, diferente do que prevê a BNCC, que dá ênfase às experiências qualitativas.

O papel do educador está em planejar situações, norteado pelos Campos de Experiências. Ele é o responsável por organizar o tempo e preparar espaços que convidem as crianças a desempenharem um papel ativo na construção de significados sobre si e sobre os outros, conhecerem e compreenderem as relações com a natureza e com a cultura, e construírem e se apropriarem de saberes por meio de suas ações e interações.

Dessa maneira, com certeza, as experiências vividas na Educação Infantil não caberão somente em uma folhinha, mas servirão como um acervo de memórias vivido pelas crianças, um repertório vasto, rico e fortalecedor. Um propulsor para todas as novas aprendizagens que ainda estão por vir.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

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